Com o objetivo de valorizar a produção literária popular foi desenvolvido com os alunos da 6ª série B, do turno vespertino um estudo sobre literatura de cordel, envolvendo as disciplinas de Português e Educação Artística. Em Português foi trabalhado os poemas em cordel, destacando assim, a estrutura do cordel e os temas os quais são tratados. Foram apresentados cordeis de vários autores, dentre eles, Patativa do Assaré. Cada verso que este autor compôs retrata muito bem a realidade do sertão, como podemos conferir nos versos abaixo, encontrados no livroNovos Poemas Comentados.
O RETRATO DO SERTÃO
Se o poeta marinheiro
Canta as belezas do mar,
Como poeta roceiro
Quero o meu sertão cantar
Com respeito e com carino
Meu abrigo, e meu cantinho,
Onde vivem meus pais.
O mais puro amor dedico
Ao meu sertão caro e rico
De belezas naturais.
........................................
Meu sertão, meu dice ninho,
De tanta beleza rude,
Eu conheço o teu carinho,
Teu amor, tua virtude.
Eu choro triste, com pena,
Ao ver a tua morena
\sem letra e sem instrução,
Boa, meiga, alegre e terna
Torcendo um fuso na perna,
Fiando o branco algodão.
.........................................
Na disciplina de Educação Artística foi trabalhado outra parte essencial à produção da literatura de cordel, que são as xilogravuras. De origem chinesa, a arte da xilogravura é conhecida desde o século VI e no Ocidente desenvolveu-se durante a Idade Média. Gravura obtida pela impressão de motivos entalhados em uma chapa de madeira, este se constitui como um recurso capaz de dar mais visibilidade aos cordeis, fazendo com que os apreciadores dessa arte identifique de imediato o tema o qual está sendo tratado. Após discorrido a história e todo processo de criação dos poemas e das xilogravuras, os alunos foram convidados a produzirem, primeiro, coletivamente e depois de forma individual, seus próprios cordeis.Vejamos estas produções:
só vou embora
atrás de melhora
Na terra onde eu nasci
A fome eu não alcançava
Comia mandioca e aipim
E nada de água gelada
Na terra onde eu nasci
Tem muito pé de coqueiro
Tanto que eu comi
pensando em homem solteiro
Rebeca, Carla, Wanessa, Viviane e Tatiane
Eram 11 criaturas
Fofocavam sem parar
Ciranda cirandinha
Vamos todas fofocar
Com as palavras
Elas brincavam
E mais novas ficavam
Com as palavras
Viviam a fofocar e a brincar
Era um zunzum sem parar
De noite e de dia
Até chegar o luar
Jardiana, Robson, Talita, Karina
Tudo crê, e tudo
Espera, tudo suporta
O amor é um poço no qual
Brilham são apenas os
Nossos olhos a espreita
Não quero parecer um
Hippie mas o amor é a
Força que orienta o universo
Amar é
Saber padecer
Saber sorrir e
Também chorar
Samara, Daiane, Cleuton, José Fagner, Mauricio
O homem estirado no chão
Pobre coitado
Com dor no pulmão
Sempre deitado
Com uma dor de cabeça
Já gemia sem parar
Por causa da dor imensa
As lágrimas caiam sem parar
Pobre coitado
Do jeito encalhado
continua deitado
E Sofre calado
Parece que mora na rua
Deitado naquele lugar
Comia até comida crua
Sofre, sofre sem parar.
Dejiane e Leidiane
Amar as árvores
Amar os pássaros
Amar a vida
Quando a chuva cai
Vida se transforma
O inverno é bom demais
O verão eu quero mais
Alan, Adinoan, Marcos, Wagner
No futuro, no inferno
Seja no verão ou no inverno
Jogamos com amor
E com muito calor
O futebol é muito ardente
Por causa do fogo do cão
Fica muito calorento
Com seu espeto muito quente
Felipe, Alex, Gleidson, Claudineide
Vou contar uma história
Que no pé da serra aconteceu
O caso Foi com Dona Maria
guardem bem na memória
Coitadinha, tão velha adormeceu
De tão velha tudo lhe doía
Dona Maria quando moça
Foi dançar o xaxado
Dançou tanto que furou o sapato
Dona Maria quando foi pra casa
Caiu um forte pé d’água
Dona Maria ficou com frieira
Com tanta coceira caiu na ribanceira
Coitada, hoje tão velha
Já queimou panela
Nem um ovo sabe fritar
Agora só resta deitar
Pernas grossas ela tinha
Agora só tem os cambitos
Coitada tão velhinha
Nem restou seus primos
Pelos cantos solta suspiros aflitos
Maria Paula, Ladjane, Evelyn, Ana Caroline
PRODUÇÕES INDIVIDUAIS: